Chapada dos Veadeiros - GO
Um pouco de história...(do que me contaram lá na região)
Desde 1992 , a região de cerrado da Vila de São Jorge - GO foi "tombada"/ " cercada" pelo Ibama para preservação do ecossistema. Anterior a isto, o local era região de garimpo. Garimpo de cristais, quartzos, ametistas entre outras pedras...
De 2009 em diante, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros passou a pertencer a outro órgão além do Ibama, o
Instituto Chico Mendes .
Não bastasse isto, toda região de Alto Paraíso de Goiás , Vila de São Jorge, São João d'Aliança entre outras cidadezinhas típicas da região são famosas por suas características místicas e vilas hippies.
Inclusive...no dia 21/12/2012, quando supostamente o mundo iria terminar, existia uma profecia de que a cidade de Alto Paraíso de Goiás - GO seria a única que não iria se extinguir. Resultado ? Hotéis e pousadas lotados e supermercados com falta de alimentos !!! É difícil imaginar a frustração destas pessoas pós 21/12.
Mapa da Região da Chapada dos Veadeiros - GO
Tendo em vista isso...vamos ao que interessa...a aventura.
1º dia:
Distância total a ser percorrida: 11.2 km
O Parque Nacional, conforme dito anteriormente, se encontra na Vila de São Jorge que dista 26 km de estrada asfaltada + 14 km de estrada de terra de Alto Paraíso. Significa ? 1 hora de distância aproximadamente de carro. Não é tão longe assim, difícil como em toda Chapada, é o acesso ao que realmente interessa.
Chegando na entrada do parque, é necessário realizar um cadastro para controle e registro. Além disto, é necessário deixar um telefone, para em caso de morte súbita, algum familiar seu receber a desagradável notícia que você foi desta para melhor. Mas piratas gostam de ouro e não de desejar mau agouro para os outros , ok ?
Bom, agora é só...curtir !
O parque tem apenas 2 vias abertas para turistas. E desde janeiro 2013, abriram o parque para visitas não guiadas.
Significa...que isto não foi uma coisa legal, apesar da boa intenção. Motivo: Ao longo do percurso inicial perdi a oportunidade de ver um "castelo" de cristal feito pelos guias locais com o que sobrou do garimpo da região. Não só eu perdi como todo mundo daqui em diante. Acredita-se que o castelo foi sendo levado a medida que passavam viajantes solo por aí. Ao menos, quando as visitas só eram permitidas com guias da região, isto não ocorria.
Mas não se entristeça. Você quer ver cristais ? Então veja!
Este é um cristal que não pôde ser aproveitado por um garimpeiro. O garimpo só se tem valor quando acham grandes pedaços em estado bruto para revenda. Ou seja...o parque está repleto de pedras preciosas e semi-preciosas que foram excluídas do comércio de minerais por não serem atrativas.
Isto quer dizer que boa parte do terreno pelo qual você irá caminhar o solo se encontrará desta forma:
Não tenha esperanças de que irá ficar rico. Possivelmente não pagarão muito por um punhado de cristais. Mas sem dúvida que é belíssimo. Ou seja...este não é um lugar para piratas.Mas isto não importa.
Ao longo do caminho é possível que você se depare com o Camelo de Ema.
E você pensava que esta coisa linda teria um nome bem mais bonito, né !? Eu também.
A trilha ao longo do caminho de todo parque nacional é repleta de subidas e descidas. Raros são os trechos planos. A dificuldade de toda ela seria considerada de médio à difícil. Com o seguinte agravante: é uma trilha para vencer , cruzar , ultrapassar ou o que você quiser chamar, os pedregulhos deixados de lado pelo garimpo.
É isso aí... tive a sensação que o tempo inteiro estava num canteiro de obras completamente zoneado dentro de sua ordem e que o grau de esforço só ia aumentando com o passar da trilha. Pedrinhas, pedras, pedrões, pedregulho, lascas etc...pedras pra todos os gostos. Pedras semi-preciosas em estado bruto, pedras sem qualquer valor também em estado bruto, pedras preciosas em estado bruto. Pedras, pedras , pedras e mais pedras. Se você acha exagero...vá lá. Vai ver que eu estou sendo até...polida para resumir o terreno.
Diante disto não é preciso dizer que o seu preparo físico deva ser excelente. Muito bom não é o bastante. Acredite...eu fui pra lá em péssimas condições e sofri...muito.
O que compensa ao longo do caminho são os mirantes e as paisagens absolutamente surreais. Dignas de terem saído de filme.
Pra mim era muito reconfortante todas as vezes que nos aproximávamos de cachoeiras. O barulho da água trazia a sensação de conforto e relaxamento e saber que estava próxima do meu objetivo.
A questão só era a quantidade de metros que se descia em busca de um banho de cachoeira daqueles com direito a peixes e pausa para meditação.
Sim, sempre valeu muito a pena ir atrás da recompensa destes lugares.
Exceto...que depois de pegar aproximadamente 5 km para a cachoeira mais próxima o seu retorno se dá...
É...isso aí. Se dá pelo mesmo caminho da ida.
Nessas horas você pensa: Ó nãoooooo, por que eu fui escolher fazer isso ?!
(Momento de reflexão do que leva um ser humano a percorrer 11.2 km a pé pra tomar banho de cachoeira.)
Calma. Nem tudo está perdido. Ao começar a voltar para finalizar os 11.2km de trilha pelo menos ainda é possível ser feliz. No meio do caminho você irá se deparar com isto aqui:
Os saltos são os locais aonde se encontravam as cachoeiras de mais fácil acesso. As corredeiras são um conjunto menor de encontro de afluentes aonde é possível tomar banho tranqüilamente enquanto não houver uma
tromba d'água. Relaxa. No local, existem salva vidas para alertar a população quando se deve pular imediatamente pra fora d'água.
Vou parar de te assustar e dar uma boa notícia: Não há relatos de mortes no parque nacional da Chapada dos Veadeiros.(Ainda...)
Bom...acho que é isso em relação ao parque nacional. Acredito que maiores informações geológicas e de curiosidades por lá só visitando mesmo e conversando com o pessoal local.
Se vale a visita ? Sem dúvida ! Você não foi até Vila de São Jorge pra morrer na margem do rio, né ?!
Cidades da Região - Vida Local:
Não vá esperando cidades do interior aonde lanterna, água potável e espelhinho são objetos de desejo dos locais.
Goiás como um todo é um estado bastante consciente sobre a responsabilidade eco-ambiental que todo ser humano tem por aí. E isto se reflete muito no interior. Pessoas muito antenadas com o mundo , cientes de particularidades que acontecem em outros estados (RJ, SP, MS, MT, e alguma coisa da região sul principalmente).
Lá é comum escutar de funk a house music passando ,é claro, pelo clássico sertanejo universitário. (Você não achou que eles iriam abandonar as origens ?)
Ou seja, tirando o fato que muitas das cidades ainda não possuem asfalto, eles parecem um monte de amigos seus que apenas moram longe.
Culinária:
Se alguém descobriu qual é a culinária local , por favor, me avise. Desconheço. Mas sei que eles têm enorme apreço por tapiocas , sucos de graviola, acerola, baião...em suma comida nordestina.
Mas... é possível juntar isso a uma enorme preocupação com alimentação saudável. Não é muito difícil encontrar comida macrobiótica pela região.
A maior decepção pra mim foi a parte de carnes. Ao contrário de uma outra viagem que fiz para Goiás para visitar as cidades de Silvânia, Turvânia, Ivanópolis, Goiás Velho e Goiânia, não encontrei na região da Chapada carnes com excelente qualidade e corte. Não sei o que se passa por ali, se é o tipo de solo que não permite o gado ser melhor trabalhado ou o que. O melhor dia de almoço a meu ver foi o dia que almocei em Alto Paraíso no restaurante gaúcho de nome Bon Fass. O que me desapontou muito. Se fosse para ir para o sul eu não teria rumado ao centro-oeste do país , tchê.
Restaurantes:
Em sua grande maioria são self service, o valor do Kg está na faixa dos R$ 30,00. Não cheguei em momento algum a pagar mais do que R$ 10 à 15 para comer bem.
Sim, é possível encontrar restaurantes mais caros como o Taj Mahal aonde os pratos levam em torno de 1 hora para ficar pronto e saem na casa dos R$ 35 - 40.
O que eu achei muito especial de lá ? A Tapiocaria na Praça dos Turistas. É uma lanchonete que faz de tudo. E claro, tapiocas. A Tapioca de Nutella é pura tentação inclusive. Valor médio da tapioca: R$ 6. Peça o cardápio e pare um pouquinho para refletir qual o pedido do dia. Difícil escolher uma coisa só.
Custo da água na região (500 ml): R$ 2
Brigadeiro: R$ 1.50
Medicina:
Como em todo lugar místico, é possível encontrar curandeiros, remédios a base de plantas medicinais etc...e por lá não é diferente. Devo dizer, que inclusive se mostraram mais eficazes ao tratar das bolhas estouradas no meu pé ao longo do caminho, do que a medicina tradicional. O que eu usei ? Uma pomada a base de mil folhas junto com a folha da Copaíba.Tiro e queda.
Compras:
Eu tenho certeza que depois de tudo que eu relatei você é capaz de adivinhar o que se leva de lembrança, além de belas fotos.
Incensos, pedras semi-preciosas, miçangas, roupas hippies e o que mais for. (Você nunca imaginou isso antes?)
Curiosamente...em Alto Paraíso na esquina das ruas Zorózimo Barbosa (leia de novo este nome, está correto isso aí) com a rua Joaquim Costa (a principal de lá) é possível encontrar uma loja especializada em esportes radicais: a Kromoterapia. Ao menos, me espantou por já ter visitado outras cidades de interior para este tipo de viagem e nunca encontrar nada do gênero aqui no Brasil.
A Kromoterapia, além de artigos de esportes radicais, vende roupas hippies, lembranças locais e fotos com ET (R$ 100 a foto). Ah vai...vai dizer que você nunca sonhou em tirar foto com ET ?
Hospedagem:
A região é repleta de campings , pousadas e até
albergues. Fiquei hospedada na
Pousada dos Guias. Recomendo fortemente. Ela é 24 horas, excelente conexão wi-fi , atendimento nota mil. Só tem um porém...insetos. Mas acredito que isso se dê por todo local. Tive o dissabor de ter que tirar 2 marimbondos do meu quarto para que pudesse seguir viagem em harmonia. Diárias da pousada a partir de R$ 30.
Ah sim! se você acordar antes das 7:30 - 8:00 é possível ver o casal de araras azuis que habita as mangueiras em frente a pousada. O que araras têm a ver com mangueiras eu não sei, mas lá isso é normal. E entre 7 e 8 da noite é possível avistar tucanos em todas as árvores locais.
Por enquanto é isso. Em breve começo a relatar o 2º dia e mais informações sobre a mística e curiosa Chapada dos Veadeiros.
See ya mate!